terça-feira, 22 de maio de 2012

O primeiro mês

Tanto para contar e apenas 3 semanas se passaram...
Hoje li muitos blogs sobre amamentação e descobri uma coisa: as mulheres no Brasil amamentam em média 23 dias Oo. Uou... Isso não pode ser apenas por causa das dores (suaves dores) que a amamentação pode causar no início (primeiros dias). Isso provavelmente se deve ao fato da falta de incentivo nas próprias maternidades e a falta de informação das mães. Fora, claro, as mamães que secam o leite =/ ou quando o bebezão não quer mais por conta própria.



Vou contar então a minha experiência em relação a amamentação e mais algumas coisinhas dos primeiros dias do Theo. Acompanhe:
Nunca parei para pensar em como seria amamentar. Não porque eu tinha medo ou receio de rachar os bicos ou sei lá, mas porque isso me parece ser natural. Sempre pareceu, então, não foi em nenhum momento um item na minha lista de preocupações. Mas, apesar de não temer a amamentação, sei que me faltou mais interesse no assunto. Me especializei em parto natural de tanto que pesquisei e não me arrependo, pois me senti totalmente segura. Apesar de não ter participado de nenhum curso para pais gestantes (não conseguimos encaixar em nenhum aqui na cidade) não acredito que isso tenha feito falta. Talvez sobre amamentação, sim. No hospital recebi umas 4 orientações sobre como dar o peito, sobre a "pega" correta do bebe, sobre deixar mamar por X horas... Bem, foi uma certa enxurrada de informações e como eu não sou boba e sim muito curiosa, assim que voltamos para casa eu fui ver um pouco mais sobre o assunto. Na medida do possível pesquisei onde pude (dr. google). Claro que eu havia lido qualquer coisa em meus livros durante a gravidez, mas como eu disse, me era tudo natural e ao ler a minha reação era "claro, mas isso é lógico". Bem, eu já tinha definido na minha cabeça como seria amamentação do Theo e hoje posso dizer que mesmo estando mais ávida por conhecimento no assunto, a minha posição não está diferente do que era meu instinto materno.
Depois da bagunça que fizeram no hospital nos primeiros 2 dias de amamentação do Theo, decidi o seguinte: iria esquecer tudo o que me foi dito sobre "pega" etc e tentaria ir pelo instinto somente. Além disso, já havia optado pela livre demanda e amamentação exclusiva até os 6 meses. Depois disso, pretendo amamentar até... quando ele quiser mamar. Sim, tudo isso... a gravidade vai me pegar, eu sei, mas alguém aí já parou para analisar os benefícios da amamentação para a mamãe e para o bebê? São inúmeros, vamos ver alguns:


1. O leite materno é o alimento mais completo e equilibrado, pois atende a todas as necessidades de nutrientes e sais minerais da criança até os 6 meses de idade; 

2. Fácil de ser digerido, provoca menos cólicas nos bebês; 

3. Colabora para a formação do sistema imunológico da criança, previne alergias, obesidade, intolerância ao glúten; 

4. Contém uma molécula chamada PSTI é responsável para proteger e reparar o intestino delicado dos recém-nascidos; 

5. O momento da amamentação aumenta o vínculo entre mãe e filho e colabora para que a criança se relacione melhor com outras pessoas; 

6. Previne a anemia; 

7. A sucção ajuda no desenvolvimento da arcada dentária do bebê; 

8. Amamentar por mais de 6 meses faz bem à saúde mental da infância à adolescência, segundo estudo coordenado pela Universidade do Oeste da Austrália. Segundo os pesquisadores, substâncias presentes no leite (como a leptina) ajudam a combater o estresse. O contato e o vínculo entre mãe e filho promovido pelo aleitamento também têm um efeito positivo no desenvolvimento psicológico da criança.

9. Quando o ômega 3 está presente no leite materno, o que varia de mulher para mulher de acordo com sua alimentação, ele ajuda no desenvolvimento e crescimento dos prematuros nos primeiros meses de vida;

10. Ajuda no desprendimento da placenta, contribuindo para a volta do útero ao tamanho normal. Com isso, também evita o sangramento excessivo e, consequentemente, que a mãe sofra de anemia; 

11. Protege a mãe contra o câncer de mama e de ovário; 

12. Estudo publicado na American Journal of Obstetrics revela que a amamentação reduz o risco de a mulher desenvolver síndrome metabólica (doenças cardíacas e diabetes) após a gravidez, inclusive para aquela que teve diabetes gestacional;

13. A amamentação dá às mães as sensações de bem-estar, de realização, e também ajuda a emagrecer, pois consome até 800 calorias por dia (mas dá uma fome...); 

14. É de graça, natural, prático, e não desperdiça recursos naturais

15. Está sempre pronto para ser transportado e ingerido (não precisa nem aquecer).
16. Pode ajudar seu filho a ter melhor desempenho nos estudos e aumentar a chance de ele frequentar uma faculdade, segundo uma pesquisa norte-americana. Eles analisaram o desempenho escolar de 126 irmãos de 59 famílias. O resultado sugeriu que aquele que recebeu um mês a mais de leite materno apresentou aumento de 0,019 pontos na média de pontuação no ensino médio e aumento de 0,014 na probabilidade de cursar o ensino superior.
17. Protege a mãe contra doenças cardiovasculares, segundo estudo realizado pela Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. Para a pesquisa, foram analisadas 140 mil mulheres no período pós-menopausa, ou seja, com média de 63 anos, e o resultado mostrou que aquelas que amamentaram por mais de um ano tiveram 10% menos risco de sofrer com essas doenças, se comparado com aquelas que nunca amamentaram.
Fonte: Revista Crescer


Visto isso, nem preciso justificar a minha escolha né? No final das contas, deixei fluir da maneira mais prazerosa para mim e para ele, respeitando as regrinhas que achei válidas: sentar confortavelmente, tentar posições diferentes as vezes (ele nem curte muito as mudanças, prefere o tradicional barriguinha com barriguinha mesmo), manter sempre água ao meu alcance enquanto amamento (dá uma sede), estar num ambiente tranquilo e sossegado... Coisas que ainda me parecem naturais e não soam como cartilha.



No dia que voltamos para casa senti um pouco de dor no bico do seio ao amamentar, mas rapidamente comecei a usar a pomada Lanidrat indicada por uma mãe que conheci no shopping no final da minha gestação. Usei a pomada no último mês todo da gestação e ela é ótima para dar elasticidade ao bico. Senti incômodo por 2 dias apenas, pois a pomadinha fez efeito rápido e na semana seguinte nem precisei mais usar diariamente. Hoje uso apenas quando o Theo tem um lance de esfomeado e sinto que o bico fica um pouco ardente, mas passo ao final da mamada e na próxima já não sinto nada. A pomada não precisa ser retirada para dar mama, pois tem base de lanolina.



Outra coisa que foi essencial para a tranquilidade do meu ritual de amamentação foram as conchas. Ô coisa boa! Jamais imaginei que seria um item tão indispensável assim. Graças ao bom pai eu tenho MUITO leite. É muito de verdade. Então acaba vazando facilmente e aqueles absorventes são um caos. Os que levei para a maternidade nem foram usados. No final acabei usando para limpar o bum bum do Theo, molhados em água morninha, pois os algodões que levei foram poucos para o mecônio dele..hehe. Farei um post só sobre as coisas que levei para a maternidade ;)
Como eu disse, tenho muito leite, o que fez com que eu tivesse a tal FEBRE DO LEITE (que eu nunca tinha ouvido falar). Com quase 10 dias de puerpério eu tive a primeira febre e fiquei desesperada, pois não queria ficar doente. Nem pensei naquele lance de não poder amamentar caso passe dos 38º (acho que é isso). Na verdade eu nem sabia dessa informação. De qualquer maneira não é legal né? Eu ainda sentia um pouco de dor pelos pontinhos da episiotomia (pois não repousei o que deveria...), enfim... coisa chata é febre. Liguei pro meu GO e ele me falou que era febre do leite e que isso acontecia normalmente lá pelos 10 ou 15 dias após o parto, me receitou novalgina e pronto, passou. Aí fui para o Dr. Google procurar mais sobre a FEBRE DO LEITE. Acontece que ela precede o terror das lactantes: a mastite. Nossa fiquei preocupada de verdade, pois chegou a ficar um pouco vermelho o seio direito. Aí eu encontrei a causa do problema: eu dormi sem a concha. A concha mágica faz com que o leite que vai "sobrar" na mama vaze para dentro do reservatório, evitando assim o empedramento e a mastite. Ah.. mas isso ninguém fala né?! Agora eu já sei.
Tive febre mais uma vez depois disso, pois passei pomada demais no seio e a concha escorregou para fora do bico (kkk, muito lerdinha) aí foi como se eu tivesse dormido de novo sem ela. E quando veio a febre, tomei o remédio e passou de novo. Sem crise. O problema foi que as duas vezes que eu tive a tal febre foram dias que saímos de casa. Imaginem a confusão para encontrar a razão da febre...
No site do fabricante da concha é indicado tirá-las para dar mama (claro) e para dormir... eu fiquei receosa de tirar depois das 2 febres, mas com a possibilidade de empedramento decidimos que era hora de ligar para o Banco de Leite. Depois que eu passei a fazer a ordenha (manual, pq a bombinha é terrível), mesmo que não seja para doar, mas pelo menos para esvaziar um pouco a mama (durante o banho), posso dormir sem as conchas tranquilamente. É bom virar de lado de novo :D

Bom, fora isso, nenhum dos terrores da amamentação me pegaram: mastite efetiva (só endurecimento de uma parte no dia da febre, mas fiz massagem e passou - sem dor), empedramento, rachaduras, sangramento... nada disso. Outro benefício da concha é que a medida que o leite vai entrando no reservatório o bico do peito fica em contato com o leite e assim hidrata a pele, evitando tudo isso aí acima. O fabricante diz que estimula a fabricação de leite também.

Gente, minhas experiências têm sido muito intensas, pois não tenho ajudante. O Papaizão teve que voltar ao trabalho logo e não tenho mãe/sogra aposentada para ficar comigo. Recebi a visita da minha mãe no início e toda vez que vou na casa dela ela troca, mima e nana o Theo. Minha tia também veio dar um banhão nele logo no início e ficar curtindo com ele. Hoje (depois das minhas febres) minha sogra lava e passa todas as roupinhas do Theo - o que me ajuda pra caramba. Mas EFETIVAMENTE não tenho ninguém para ajudar durante o dia-a-dia. Estou sentindo TUDO o que é ser mãe e ainda que não seja fácil a todo momento, principalmente a noite (dormir picado), cada dia eu amo mais essa condição.

Um Smack pra quem lê ;)

quarta-feira, 16 de maio de 2012

A grande chegada - Relato do parto

Um dia antes do seu nascimento, o  tampão saiu. Praticamente 24h antes do nascimento. Sabia que era o tampão, depois de ler muito sobre o assunto e ficar me perguntando se eu teria essa experiência, já que não são todas as mulheres que o perdem. Era bem parecido com clara de ovo (como diziam os artigos sobre isso) e tinha algum sangue. Não liguei pro meu médico, afinal já estávamos muito ansiosos nos últimos dias com tantas consultas e acompanhamento do colo do útero que não havia nada de dilatação, estava fechadinho e com a descida lenta do bebê. Meu terror nas últimas semanas em ter a possibilidade de um parto cesariano me amedrontava, então não contei a ninguém sobre o tampão, para não causar ansiedade em mim mesma.
O dia foi passando e eu continuei perdendo mais sangue com meleca do tampão, mas em menor quantidade. coloquei um absorvente para me certificar de que não era a bolsa que havia estourado e o fluxo realmente não aumentou, então me mantive tranquila. Mais no final do dia comecei a sentir uma cólica bem de leve, mas isso já havia acontecido nas semanas anteriores e achei normal. No início da noite, achei por bem contar ao Jorge sobre o tampão, me sentia mais segura e de volta com a certeza do parto natural. Não pensei por nenhum momento que poderia ter problemas com a dilatação na hora do parto, nem mentalizei isso. Nada de negativo passou pela minha cabeça (como ficar horas em trabalho de parto e depois ter que ir para uma mesa de cirurgia). Jorge ficou um pouco eufórico com a notícia, mas pedi que ele não fizesse alarde e que a informação ficasse entre nós dois apenas. Era véspera de feriado, estavam todos em casa e eu não queria especulação.
As horas foram passando e de repente notei que as cólicas estavam um pouco mais fortes. Foi algo que aconteceu sem eu perceber. Simplesmente parei e pensei "ops, essa foi mais forte". Então me dei conta de que as cólicas eram contrações. eu estava esperando por uma dor que viesse das costas e depois para o baixo ventre para acreditar que era uma contração, afinal havia lido isso como descrição de uma contração. Nada disso... eu não sentia nada nas costas e achei que fosse falso trabalho de parto, de modo que não dei corda para a dorzinha insistente e latente na barriga. Tratei de avisar o Jorge que provavelmente seria naquele final de semana e que não iríamos na consulta do dia 2 de maio. Ele ficou feliz e de tão feliz achou graça perder o feriado nos dias da sua licença, caso realmente ele chegasse.
Aproximadamente as 21h30 decidimos que poderia ser uma boa ideia contar o espaço entre as contrações, pois na minha carteirinha pré-natal dizia que de 10 em 10 com duração de 1 minuto era motivo para ligar pro médico, mas o tempo ainda era incerto entre 11 e 12 minutos e com duração de 30 - 40 segundos. Sim, eram contrações, mas ainda não entrei em consciência que era o meu trabalho de parto. Ficamos contando e conversando durante quase 2h e decidimos que era melhor ligar para o médico e perguntar se deveríamos ir ao hospital. Eu estava muito reticente quanto a ir ao hospital ainda, pois sabia que se não estivesse com pelo menos 3cm de dilatação seria mandada de volta pra casa E caso fosse falso trabalho de parto também. Jorge me perguntou se queria ir ao hospital a cada 30 minutos desde o momento em que contei do tampão.
Ligamos para o médico as 23h30, mas ele estava dormindo e eu não quis que o acordassem. Na minha cabeça, ainda dava para segurar em casa e eu estava suportando muito bem as contrações. Mandei o Jorge dormir, pois caso eu ficasse muito cansada (neste momento eu pensei em todas as possibilidades de parto) ele teria que estar disposto para cuidar de mim. Finalmente aceitei - estava em trabalho de parto. Mentalizei como eu queria que fosse e continuei as práticas de evolução para o Parto Natural: caminhei pela casa, subi e desci as escadas para tomar água, fiz agachamento e tomei 3 duchas quentes. Tinha em mente esperar até as 4h e então partir para o hospital, mas era madrugada e eu comecei a ficar entediada na casa apagada. As 2h30 acordei o Jorge e avisei que iria tomar um banho e me arrumar para irmos a maternidade. A essa altura eu sabia que não seria enviada de volta para casa. Tomei um banhão demorado, as malas já estavam no carro desde a hora que ligamos pro médico, então acordei o Jorge novamente e fomos.
No caminho eu falava com um pouco mais de dificuldade, mas ainda tinha humor para rir e conversar tranquilamente com o Jorge. Fui conversando com o Theo na barriga também, avisando que a nossa hora estava chegando e que teríamos que trabalhar juntos. Chegando na maternidade erramos a porta de entrada e os intervalos entre as contrações estavam diminuindo. Ao sair de casa já estavam em 8 minutos de intervalo e durando 1 minuto. Caminhando para a recepção eu precisava parar um pouco quando vinha a contração e então respirava fundo e meditava pensamentos positivos. Era um verdadeiro mantra.
Demos entrada na maternidade as 3:55, quase como eu pretendia que fosse... as 4h. Antes de ligar para o meu médico, fui ligada aos aparelhos para ver como estavam as contrações e o bebe.

Com sono eu queria era mais uma soneca entre uma contração e outra, mas não dava tempo..rs
Após uns 20 minutos a enfermeira disse que eu estava resistindo bem, pois as minhas contrações estavam ritmadas e bem intensas. Eu só sorri. A médica plantonista chegou e fomos para o exame de toque - péssima idéia, mas são procedimentos de rotina do hospital. Entrei na sala e a dra. que era bem novinha não me olhou muito nos olhos. Me pediu para sentar, mas eu não me sentia bem naquela posição, então fiquei em pé. Ela fez algumas perguntas que não me recordo agora (Jorge respondeu a todas), e me mandou para a maca. A enfermeira entrou comigo na outra salinha (havia uma porta separando a maca da mesa dela) e me pediu para colocar a camisola para fazer o procedimento. Me preparou e saiu. A médica entrou, colocou a luva, não falou comigo e veio. Eu havia feito 3 exames de toque no consultório com meu médico e não senti nenhum grau de dor. Quando essa doutora colocou seus dedinhos em mim, eu fui a lua e voltei. Gritei na hora, mas não foi um grito de dor, foi um grito de indignação. Mesmo sentindo aquela sensação infernal eu não me mexi ou contraí nenhum músculo, pois sabia que isso faria a coisa demorar mais. Olhei para baixo entre as minhas pernas e ela estava pedindo alguma  coisa para a enfermeira "Ei, o que vc está fazendo aí?" perguntei num tom não muito amigável. Ela estava segurando a abertura para ver a cor do líquido amniótico e se a bolsa ainda estava inteira, mas não me informou isso, então fiquei sentindo o que deve ter sido uns 40 segundos de dor muito intensa que pareceram durar 20 minutos. Fiquei muito brava mesmo, afinal estava num estado de paz, cuidando do meu mantra até ali para uma plantonista acabar com a minha concentração?! Bem, assim que acabou eu jorrei em sangue e olhei espantada para a enfermeira - pois a delicada já havia saído da salinha da maca - e ela me tranquilizou explicando o que havia acontecido e dizendo que era normal sangrar após o toque naquela situação: eu estava com 4cm. Me vesti novamente e coloquei uma compressa de pano que a enfermeira me deu, para usar como absorvente. Fiquei observando a dra delicada ligar para o meu médico na minha frente e dizer todos os termos técnicos para contar que minha bolsa estava intacta, o líquido transparente, o colo fino e a dilatação boa em 4cm. Ele disse que iria em breve e ela me ofereceu "sorinho para ajudar?". "Ajudar no que?" eu perguntei arrogante "Esperei 9 meses, não tenho pressa". Queria me enfiar ocitocina na veia para acelerar meu parto...Ah, tá!
Depois de tanta desconcentração do meu mantra, foi difícil voltar ao meu estado espiritual e mental, mas eu consegui. Não tinham apartamentos vagos quando chegamos, então o Jorge ficou preenchendo a papelada e eu fui esperar na sala de pré-parto com outras mulheres. Estava temendo isso, pois lá poderiam ter mulheres muito conectadas com a dor e aos gritos, coisa que eu não queria. Mas havia apenas 2 e estavam conectadas ao "sorinho", jogadas nas camas. Esta sala era bacana, com enfermeiras simpáticas e atenciosas e itens para incentivar o TP como bola de pilates, um chuveiro e as meninas obstetrizes/doulas. Um ambiente acolhedor, mas que infelizmente as mulheres ainda não aproveitavam. Ficavam lá deitadonas. 
Logo que entrei na sala de Pré-parto me ofereceram a 2 camisolas (que deixa o bumbum de fora), para usar uma pra frente e outra pra trás, deixando a gente mais a vontade. Tudo bem, eu já estava sangrando mesmo, seria bom tirar a roupa de casa. Me mandaram tirar também a lingerie, aí eu pedi para ficar ao menos com o sutien, pois meu seio é grande e me incomoda ficar sem nada. Tentaram com veemência me convencer a tirar, dando motivos que nem vale repetir, mas acabaram cedendo e eu pude ficar com ele e também com o robe do papai que eu usei desde casa. Estava frio, eu precisava disso para me sentir aquecida e mais a vontade do que com aquelas camisolas feias.
Bom, daí em diante era uma espera... esperar terminar de dilatar, esperar as contrações ficarem ainda mais fortes e ritmadas e não parar. Fiquei andando pelos corredores do hospital. Em nenhum momento eu deitei na maca. Apenas para o exame de toque seguinte após 2h - 6cm de dilatação e meu médico chegou. 
Após muita conversa, decidimos estourar a bolsa. Meu médico não queria deixar o Theo entrar em nenhum tipo de sofrimento, então sugeriu o rompimento artificial. Não senti nada na hora, mas a contração seguinte foi uma loucura. Ela veio umas 10x mais forte que a última - antes do rompimento - mas essa parte é inexplicável. Após a bolsa estourar resolvi ir para o chuveiro amenizar a dor e ajudar a dilatar os últimos centímetros enquanto meu médico ia tomar um café. A essa altura eu já estava com 8cm e deveria ficar no chuveiro por pelo menos 1h para fazer efeito, mas com menos de 40 minutos comecei a sentir vontade de empurrar e me mandaram sair. Isso tudo aconteceu tão depressa que eu talvez não saiba contar com exatidão a sequencia dos fatos, pois fiquei em extremo êxtase. Teria caminhado até a sala de parto, mas eu tive que subir na maca - o que fez com que as últimas contrações fossem fenomenais (em nível de dor). Meu médico me ofereceu meia dose de anestesia para os minutos finais, e após MAIS conversa eu aceitei, pois já estava exausta. Havia acordado as 8h no dia anterior e já eram 10h30 da manhã, sendo cerca de 6h em trabalho de parto. Aceitei, pois tinha medo de não ter força no expulsivo e precisar usar fórceps ou algo do tipo.
Ao entrar na sala de parto, me pareceu estar em outro universo. Era como se tudo ali fosse só meu, só para mim. Um espaço limpo, um ambiente mais aconchegante que a sala de pré-parto, sem pessoas extras, com uma luz baixa e uma equipe fantástica. Foi delicioso. Ainda sentia as contrações e uma enorme vontade de expulsar, mas estava no meio da anestesia. Ganhei um soro para garantir minha pressão (a anestesista foi um amor, acompanhou todo o processo na sala de parto). Meu médico pediu para empurrar quando sentisse a contração e ele coroou na primeira. Foi uma festa. A cada empurrada médico e anestesista ia me explicando como segurar e como fazer a força direcionada lá em baixo e não no pescoço. Perguntei do pai e o médico logo chamou por ele. Eu já estava anestesiada, mas ainda sem efeito continuei a empurrar pois ele já estava praticamente ali, quando o Amauri me avisou que teria que cortar. O bendito cortinho da episio... meu temido. Neguei de cara, e ele riu . "Marininha, eu sei que vc não gosta da idéia, mas acredite em mim, vamos precisar. Não quero que vc rasgue pra qualquer lado" ele me disse isso e eu só quis garantir que não iria sentir. Então ele perguntou "sente isso?", eu não sentia nada e ele me avisou que já havia cortado. Resolvi me desapegar disso, pois meu bebe estava chegando. Após a episio, empurrei 2x e ele saiu. Senti toda a movimentação antes de a cabeça sair, mas não senti mais dor (a não ser a contração forte). Assim que a cabeça saiu eu pensei "ufa, a cabeça saiu...calma aí, mas tem o resto, vou fazer mais força" (risos). Logo que ele saiu de mim, foi colocado no meu peito, ainda sangrando, branquinho, e pudemos paparica-lo e chorar e rir bastante em cima dele. Ele não chorou, apenas espirrou 2x.  O papai não pôde cortar o cordão como eu queria (e o médico havia gostado da idéia), pois o procedimento do hospital não permitia. Respirou sozinho no seu tempo e não passou por traumas logo após o nascimento como tapas, agulhas ou aspirações. A pesagem foi rápida e ele logo voltou pro meu colinho enrolado num cobertor fofo. Enquanto ele era pesado, eu era costurada na episio e totalmente sã eu conversei com o médico e rimos muito. Entrei na sala de parto as 10h30 +- e Theo nasceu exatamente as 10h40.

OBRIGADA:
Meu Deus, pela dádiva concedida. Pelo momento que não somos nós que escolhemos, mas que sempre é perfeito. 
Google por me instruir a sua maneira. 
Doulas da internet por compartilhar métodos e táticas de lidar com o parto natural. 
Jorge, por ser o melhor companheiro que uma mulher pode ter; por estar ao meu lado em todos os momentos; por me mimar durante a gestação; por saber exatamente o que dizer quando lemos o positivo no teste; por me fazer carinho durante o parto, ainda que eu estivesse em outro planeta; por partilhar comigo; por ser meu amigo, meu amante, meu amor, minha estrutura e meu devaneio, tudo.
Mãe, por ser meu alicerce e exemplo de vida; por tudo o que sofreu por mim para que eu chegasse ao mundo; por todo o carinho e amor que dedicou a mim; e me perdoe por todo o amor que ficou travado quando eu não demonstrei. Tenho muito o que agradecer a você e não sabia.
Pai, por falar comigo durante o trabalho de parto e achar normal assim como eu...rs. Obrigada por não ser um pai normal e não me deixar ser uma filha normal.
Dr.Amauri, meu ginecologista-obstetra, pelo carinho, cuidado, orientação, sorriso e conforto que nos trouxe durante todo o período da gestação, parto, pós-parto e hoje.
Fabinho, anestesista, por ser tão amigável, divertido, habilidoso e cuidadoso conosco e principalmente comigo num momento tão único.

Fora o que não pôde ser feito a minha maneira, saiu tudo perfeito. A dor, durante o tempo que a senti. A anestesia suave, dada nos últimos minutos, que me permitiu sentir o parto e me movimentar logo após acabar a costura da episio. O fato de não ter berçário no Hospital Antoninho da Rocha Marmo e me permitir ficar com ele a todo instante. A chegada... a grande chegada do Theo, numa manhã chuvosa de abril, mudou a minha vida e isso é só o começo.

O novo mundo de mamãe...

Agora que meu blues puerperal passou podemos atualizar tudo por aqui (até que o bebezão acorde, claro..rs).

Antes de mais nada, tenho que dizer a vocês que meu bebê não vai aparecer aqui ainda. Estamos preservando sua imagem até o momento e não compartilhamos imagens dele na net. Então, vou fazer o máximo para deixar a todos com água na boca, nos olhos e tudo mais com isso aqui:


Posso contar o seguinte: ele é lindo demais! É o bebe mais gostoso do universo e eu estou amando muito tudo isso... além de ter descoberto a seguinte façanha:

EU NASCI PARA SER MÃE!

Nunca pensei que tinha tanto gosto para algo na vida. Achei que fazer artesanato ou artes gráficas fosse a única coisa que me completava, até aqui. Quando ele nasceu tudo mudou. Meu mundo mudou, por dentro, por fora e toda a volta também.

Bem, eu fiquei um certo tempo sem aparecer, então não me lembro as coisas que estavam prometidas. Me lembro que ia fazer um post especial para o dia das mães, mas não deu tempo. Também estou devendo um post sobre o parto que ainda não terminei de preparar (esse tem que ser bem detalhado). Como o bebezão ainda está se habituando ao mundo e a rotina, vamos com calma e eu vou contando tudo aos poucos até que EU pegue o novo ritmo que o blog terá. Como já sabem, eu gosto muito de ilustrar e isso vai ser difícil sem postar fotos dele (mas é por enquanto, pelo menos), farei o possível para manter o blog atrativo.

Beijocas



quarta-feira, 9 de maio de 2012

DO DIA 27 DE ABRIL

Boa tarde, meu povo cibernético!
Hoje estou inspirada. Não sei o que sentir, talvez tenha um "quê" de dúvida/lourura/suspeita. É que hoje é dia 27, a data com a qual sonhei lá nos 6 ou 7 meses de gestação. Não, no sonho não dizia que era o dia no nascimento dele, mas eu fiquei com a data na cabeça. Alguma coisa quer dizer né? Então por via de dúvidas, hoje estou a mil e muito animada.

Não poderei ilustrar ainda as minhas travessuras do dia, mas estou com uma lista de coisas que terminarei até o fim da tarde:
- Lembrancinhas da maternidade (é...só hoje kkk) que o papai escolheu;
- Lembrancinhas da maternidade que eu escolhi;
- Presentinho especial para as Dindas (Fer e Pam);
- Barra da saia da vovó cidinha (já comigo ha um mês para fazer e eu enrolei até aqui);
- Vestido para cortar a manga (é enorme e aberta, saiu de moda e vou recauchutar);
- 4 Caixinhas de mdf com patchwork embutido;

Para hoje é isso. Caso eu ainda esteja barriguda no feriado, vou arrumar mais coisas para fazer. Caso não esteja, vou ter muito o que fazer do mesmo jeito rs. Algumas coisas só vou mostrar depois de dar para as pessoas (como as lembrancinhas da maternidade e os presentinhos das madrinhas) se não perde a graça. Mas vai ser como foi no chá, assim que o evento acontecer eu posto aqui. As outras coisinhas eu posso mostrar logo.

Falando em mostrar... ontem fui a mais uma consulta de pré-natal para ver se poderíamos esperar o Theo chegar na hora dele sem precisar interferir e precisei ir até o hospital fazer um exame que não sei pronunciar nem escrever, mas que mede a movimentação fetal e os batimentos com base nas contrações e tal. Isso indica se há sofrimento fetal ou se está tudo bem (estamos chegando nas 40 semanas né). Adivinha? Está tudo perfeito com ele. O danadinho deve estar mesmo esperando só eu terminar essas coisas que tem hoje. Vai que eu termino a tarde e ele ainda vem a noite. Ai que emoção! rs. Então... vejam que "linda" fiquei ligada nos equipamentos:




Ai gente, eu tenho feito caminhada TODO DIA! É muito gostoso, apesar de parecer cansativo por eu estar um pouco protuberante. A intenção é ajudar na evolução do trabalho de parto. Não sei até que ponto tem efeito, mas sei que efeito negativo não tem. Comecei na segunda-feira quando descobrimos que eu não havia dilatado ainda, aí perguntei ao médico se era lenda ou se funcionava. Ele disse que funciona sim, claro que varia de mulher para mulher, mas costuma funcionar. Então... why not?
Além disso procurei a receita infalível para entrar em trabalho de parto naturalmente e ri demais nessa internet. Encontrei muitos vídeos de mulheres dançando de maneiras suspeitas (americanas e afins, claro). Gente que sobe e desce escada váááárias vezes, gente tomando um tal de óleo de ricino (lê-se ricÍno) ou castor oil (que pelas caras deve ser horroroso) e encontrei um site que indica 29 maneiras de entrar em trabalho de parto.
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Esse post terminou aqui antes de eu conseguir publicar, não deu tempo. Mas nesse dia terminei:

- Lembrancinhas da maternidade (é...só hoje kkk) que o papai escolheu;
- Lembrancinhas da maternidade que eu escolhi;
- Presentinho especial para as Dindas (Fer e Pam).
E só. Fiquei exausta para fazer o resto e tive um tique de rever as malas... era um sinal.


ELE JÁ NASCEU! E é lindo demaaaaaaaaaaaais e eu to muuuuuuuito feliz e tenho muuuuuuuuuuito o que contar, mas agora eu queria só tirar esse post do rascunho pra poder fazer o relato do parto no próximo post. Me aguardem!